O Doutor Sabe-Tudo, dos Irmãos Grimm

O conto de hoje é daqueles que talvez você nunca tenha ouvido falar. O Doutor Sabe-Tudo, dos irmãos Grimm é um ótimo exemplo de como a mentira tem perna curta, mostrando que o culpado sempre acaba se entregando de um jeito ou de outro, no final das contas.

8291469690_ca364d5a51_oEra uma vez um pobre camponês, chamado Crabb, estava levando para vender na cidade uma carga de lenha puxada por dois bois. Vendeu-a a um doutor por quatro táleres. Quando foi receber o dinheiro aconteceu que o doutor estava comendo à mesa do jantar. Ao ver como o homem comia e bebia com modos tão bonitos, sentiu um grande desejo de se tornar doutor também. Ficou parado observando-o por algum tempo e depois perguntou se não poderia se tornar doutor.
– É claro que pode, isso é muito fácil.
– Que é preciso fazer?
– Primeiro compre uma cartilha; você pode comprar a que tem um galo na primeira folha. Depois, venda sua carroça e seus bois e com o dinheiro compre roupas e outras coisas apropriadas a um doutor. Terceiro, mande pintar um letreiro com os dizeres: “Sou o Doutor Sabe-Tudo” e mande prega-lo em sua porta.
O camponês fez tudo como o doutor mandara.
Ora, quando ele já estava exercendo a profissão há algum tempo, mas não muito, roubaram um dinheiro de um nobre ricaço. E alguém lhe falou que um Doutor Sabe-Tudo, que morava em tal e qual aldeia, com certeza saberia onde fora parar o dinheiro. Então o nobre mandou trazer sua carruagem e rumou para a aldeia.
Parou à porta da casa indicada e perguntou a Crabb se ele era o Doutor Sabe-Tudo.
– Sou.
– Então o senhor precisa vir comigo para recuperar o meu dinheiro.
– Certamente, mas Margarida, minha mulher, precisa me acompanhar também.
O nobre concordou, ofereceu aos dois assento em sua carruagem e partiram juntos.
Quando chegaram ao castelo do nobre o jantar estava pronto e Crabb foi convidado a se sentar à mesa.
– Certamente, mas Margarida, minha mulher, precisa jantar também – e os dois se sentaram.
Quando o primeiro criado trouxe uma travessa de fina comida, o camponês cutucou a mulher e disse:
– Margarida, esse foi o primeiro – querendo dizer que o criado estava servindo o primeiro prato. Mas o criado entendeu que ele queria dizer: “Esse foi o primeiro ladrão.” E como ele realmente fora o ladrão, ficou muito assustado e disse aos seus companheiros ao sair da sala:
– O doutor sabe tudo, não vamos nos livrar desse aperto, ele disse que eu fui o primeiro.
O segundo criado nem queria entrar, mas era obrigado, e quando ofereceu a travessa ao camponês, o homem cutucou a mulher e disse:
– Margarida, este é o segundo.
O criado também se assustou e saiu depressa da sala.
Com o terceiro não foi diferente. Mais uma vez o camponês disse:
– Margarida, esse é o terceiro.
O quarto trouxe uma travessa coberta, e o dono do castelo disse ao doutor que deveria mostrar seus poderes adivinhando o que havia na travessa. Ora, era uma travessa de caranguejos, que em alemão se chamam Crabb.
O camponês olhou para o prato sem saber o que fazer, então disse:
– Coitado do Crabb.
Quando o dono do castelo ouviu isso exclamou:
– Pronto, ele sabe! Então sabe onde está o dinheiro também.
Então o criado ficou horrivelmente assustado e fez sinal ao doutor para sair um instante da sala.
Quando ele saiu, os quatro confessaram que tinham roubado o dinheiro, e lhe dariam de bom grado uma bela soma se ele não os entregasse ao patrão ou estariam arriscando a cabeça. Além disso mostraram-lhe onde haviam escondido o dinheiro. O doutor ficou satisfeito, voltou a mesa e disse:
– Agora, meu senhor, vou ver no meu livro onde está escondido o dinheiro.
O quinto criado, nesse meio tempo, se escondera no fogão para descobrir se o doutor sabia mais alguma coisa. Mas o doutor estava folheando as páginas da cartilha procurando o galo, e como não conseguisse encontra-lo disse imediatamente:
– Sei que você está ai e tem de aparecer.
O homem no fogão achou que o doutor estava falando com ele e saltou do fogão, assustado, esclamando:
– O homem sabe tudo.
Então o Doutor Sabe-Tudo mostrou ao nobre onde o dinheiro estava escondido, mas não denunciou os criados; recebeu muito dinheiro das duas partes como recompensa e se tornou um homem famoso.

FIM

Contos Clássicos: Cinderella

contos-fadas-abertura1-315x175-e1413506499962Hoje é feriado e nada melhor do que ficar quietinha em casa focada apenas em coisas que gostamos, não é? Inspirada pela estreia de Cinderella, esta semana, trouxe para vocês uma versão menos deslumbrante porém nostálgica do mesmo jeito.

Cinderella é um dos Conto de Fadas mais conhecidos da humanidade por isso possui inúmeras versões, sendo a de 1697, escrita por Charles Perrault, a mais conhecida!

Espero que assistam, se divirtam e me contem o que acharam 😀

Contos Clássicos: Rapunzel

contos-fadas-abertura1-315x175-e1413506499962O conto que trago hoje é um dos meus preferidos, não apenas por se tratar de uma princesa indefesa, presa em uma torre que acaba sendo salva pelo príncipe, mas por ser o conto mais inusitado de todos os outros, ou não? Além de tudo ela tem com cabelo enoooorme e eu sempre quis um cabelo gigante quando criança rs Minha primeira Barbie princesa foi a Rapunzel, um dos meus filmes favoritos da Disney é Enrolados… Resumindo? Tirando Alice no País das Maravilhas, Rapunzel mora no meu coração 😀

Acreditam que todos conheçam o clássico dos irmãos Grimm mas, caso queira ler o conto antes de assistir ao vídeo, contamos a história aqui!

Aproveitem! 🙂

Conto Pele de Asno, de Charles Perrault

220px-Peaudane3Era uma vez um boníssimo rei, a quem o povo muito amava e os visinhos muito respeitavam, sendo por isso o rei mais feliz do mundo. Além do mais, ele teve a sorte de casar-se com uma princesa linda e igual virtuosa que lhe deu apenas uma filha, porém tão encantadora, que os pais viviam num verdadeiro êxtase.
No palácio real, havia abundância de tudo e muito bom gosto. Os ministros eram muito sagazes e habilidosos, os cortesão, muito dedicados, e os empregados, muito leais. Na grande estrebaria, havia os mais soberbos cavalos jamais vistos e com os melhores arreios, embora todos estranhassem que o mais importante animal fosse um asno com orelhas compridíssimas . Mas não fora por um mero capricho que o rei lhe dera tamanha distinção. O asno era merecedor de todas as regalias e honras, pois, na verdade, se tratava de um asno com poderes mágicos. Todo dia, ao nascer do sol, a sua baia estava coberta de moedas de ouro, que o rei mandava colher.
Mas como a vida não é para sempre um mar de rosas, certo dia a rainha caiu de cama, com uma doença desconhecida que nenhum médico era capaz de curar. No palácio, baixou uma intensa tristeza. O rei foi a todos os templos do castelo e fez promessas, em que se comprometia a dar sua própria vida em troca da cura da amada rainha. Mas tudo foi em vão.
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Contos Clássicos: O Flautista de Hamelin

contos-fadas-abertura1-315x175-e1413506499962Eu não sei você mas, pra mim, domingo é dia de preguicinha no sofá com um pote enorme de pipoca quentinha do lado e se tiver uma chuvinha lá fora, então… perfeito! Hoje o dia está assim por aqui, e por aí?

Deu uma vontadezinha gostosa de assistir a mais um Conto de Fadas e o que escolhi pra gente hoje foi ‘O Flautista de Hamelin’ dos Irmãos Grimm. Já coloquei o conto escrito aqui pra vocês, também!

Rosa Branca e Rosa Vermelha dos Irmãos Grimm

goblesnowredUma pobre viúva vivia isolada numa pequena cabana. Em seu jardim havia duas roseiras: em uma florescia rosas brancas, e, na outra, rosas vermelhas. A mulher tinha duas filhas que se pareciam com as roseiras: uma chamava-se Rosa-Branca; a outra Rosa Vermelha. As crianças eram obedientes e trabalhadeiras. Rosa-Branca era mais séria e mais meiga que a irmã. Rosa Vermelha gostava de correr pelos campo: Rosa-Branca preferia ficar em casa ajudando a mãe. As duas crianças amavam-se muito e quando saíam juntas, andavam de mãos dadas…

Elas passeavam sozinhas na floresta, colhendo amoras. Os animais não lhes faziam mal nenhum e se aproximavam delas sem temor. Nunca lhes acontecia mal algum. Se a noite as surpreendia na floresta elas se deitavam na relva e dormiam.

Uma vez, passaram a noite na floresta e, quando a aurora as despertou, viram uma linda criança, toda vestida de branco sentada ao seu lado. A criança levantou-se, olhou com carinho para elas e desapareceu na floresta.

Então viram que tinham estado deitadas à beira de um precipício e teriam caído nele se houvessem avançado mais dois passos na escuridão. Contaram o fato à mãe que lhes disse ser provavelmente o anjo da guarda que vigia as crianças.

As meninas mantinham a choupana da mãe bem limpa. Durante o verão, era Rosa-Vermelha que tratava dos arranjos da casa e no inverno, era Rosa-Branca. Á noite, quando a neve caía branquinha e macia, Rosa-Branca fechava os ferrolhos da porta. Continuar lendo

Contos Clássicos: A Princesa e a Ervilha

contos-fadas-abertura1-315x175E aqui está um dos meus contos preferidos ❤ Sempre gostei de como toda a história se desenrola e ela me influenciou tanto que, quando ainda pequena, acreditei que fosse possível se incomodar ao dormir em uma cama cheia de colchões com 1 ervilha embaixo mas, nunca fiz o teste porque 1. Eu não tinha tantos colchões assim e  2. Eu morria de medo de dormir bem a noite toda e, no dia seguinte, acabar com a certeza que eu tinha de que era uma princesa, haha!

Chega de bla bla bla e vamos nos encantar com a história ❤

Rapunzel, dos Irmãos Grimm

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Era uma vez um homem e uma mulher, que há muito tempo desejavam em vão ter uma criança. Finalmente eles tiveram esperança de que o bom Deus atenderia o seu desejo. O casal tinha no fundo da casa uma janelinha da qual se podia ver um formoso jardim, cheio de flores e ervas mas estava cercado por um muro alto, e ninguém se atrevia a entrar, porque ele pertencia a uma feiticeira que tinha muito poder e era temida por todo mundo.

Certo dia estava a mulher diante dessa janela, olhando para o jardim, quando viu um canteiro cheio dos mais lindos raponços, que são plantas de salada. Estavam tão viçosos e verdes, que ela sentiu o maior desejo de comer daqueles raponços. O desejo foi aumentando todos os dias, e como ela sabia que não podia consegui-los, começou a emagrecer e ficou pálida e tristinha. Então o marido ficou assustado e perguntou:
-O que te falta, querida mulher?
-Ai – respondeu ela – se eu não puder comer aqueles raponços do jardim no fundo da nossa casa, eu vou morrer.
O homem, que amava a sua mulher, pensou: “Antes de deixar minha mulher morrer, vou buscar um pouco daqueles raponços, custe o que custar”.
Então ao entardecer, lá foi ele de novo, mas quando desceu do outro lado do muro, levou um susto enorme, pois deu com a feiticeira parada na sua frente.

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O Príncipe Sapo, dos Irmãos Grimm

Ilustração por Warwick Goble

Ilustração por Warwick Goble

Há muito tempo, quando os desejos funcionavam, vivia um rei que tinha filhas muito belas. A mais jovem era tão linda que o sol, que já viu tantas maravilhas, ainda assim ficava atônito sempre que iluminava seu rosto. Perto do castelo do rei havia um bosque grande e escuro no qual havia um lagoa sob uma velha árvore. Quando o dia era quente, a princesinha ia ao bosque e se sentava junto à fonte. Quando se aborrecia, pegava sua bola de ouro, a jogava alto e recolhia. Essa bola era seu brinquedo favorito. Porém aconteceu que uma das vezes que a princesa jogou a bola, esta não caiu em sua mão, mas sim no solo, rodando e caindo direto na água. A princesa viu como ia desaparecendo na lagoa, que era profunda, tanto que não se via o fundo. Então começou a chorar, mais e mais forte, e não se consolava e tanto se lamenta, que alguém lhe diz:

– Que te aflige princesa? Choras tanto que até as pedras sentiriam pena.
Olhou o lugar de onde vinha a voz e viu um sapo colocando sua enorme e feia cabeça fora d’água.
– Ah, és tu, sapo – disse – Estou chorando por minha bola de ouro que caiu na lagoa.
– Calma, não chores -, disse o sapo – Posso ajudar-te, porém, que me darás se te devolver a bola?

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